Não é segredo para ninguém que coerência não é o forte do treinador do Bahia, mas contra o Santos ele exagerou. Fez escolhas ruins nas alterações, avaliou de maneira completamente equivocada o gramado do Joia da Princesa e chutou o balde com um garoto promissor. Explicações sem sentido. Talvez sejamos leigos, maneira da qual o treinador já se referiu a imprensa e parte da torcida. Quando eu penso em tentar ser mais compreensivo com ele, a decepção vem a galope.
Duas ações chamaram atenção. Primeiro a entrada de Guilherme Santos no lugar de Pará. Em todas as eleições dos melhores do Brasileiro, Pará é um dos três melhores laterais esquerdos. Fora uma questão física, não havia sentido tirá-lo do time. Pior foram os argumentos. Colocou os gols de Flamengo e Fluminense na conta de Pará. “Os dois últimos gols saíram pelo setor dele”. Somos leigos e talvez cegos. Por que, para mim, as duas jogadas vieram do outro lado.
O outro argumento mostra como não entendeu o péssimo gramado do Joia da Princesa. Por sinal, desde que a tabela do Brasileiro foi anunciada, todo mundo sabia que Feira de Santana seria a primeira opção para Bahia e Vitória quando Fonte Nova e Pituaçu fossem entregues a FIFA. E nada foi feito. A prefeitura deu de ombros. E o que fica é a mancha nacional da cidade, que é uma força baiana, com um estádio sem condições nenhuma de receber um jogo profissional de futebol. Superlotação, pessoas espremidas nas grades, vestiários e cabines nível década de 1930 e gramado feito para pasto e não futebol. E a FBF aprovou tudo.
De volta às escolhas de Marquinhos Santos. Ele disse que Guilherme Santos, um cara que sempre corre com a bola, busca o drible e a linha de fundo, se adaptava melhor a buraqueira do Joia da Princesa que Pará, jogador de força e toques curtos. Isso sem contar a marcação, que a do guri é infinitamente superior. Se o jogo fosse na Fonte Nova, seria até uma escolha entendível, mas no Joia não. Ainda sobre o gramado. Eu gostei da escalação e a maioria da torcida também. Porém, após um primeiro tempo razoável, o cansaço bateu em Barbio e Pittoni. Com isso, a intermediária ficou toda para o Santos, que voltou muito mais organizado do intervalo.
O time precisaria compor o meio de campo, ocupar os espaços, mas não tinham opções no banco além de Rafael Miranda (pra jogar recuado) e Branquinho (só rende vindo da extrema para o meio). O que ele fez? Abriu ainda mais o time com Rafinha no lugar de Pittoni. O posicionamento dos homens de frente, que já forçava Talisca e Pittoni a carregarem a bola e a lançar de qualquer jeito, independente da possibilidade mínima de acertar, piorou. Time de correria e espaçado, em um campo que exigia toques curtos e aproximação. Claro que os desfalques de Uellinton, Lincoln e Rhayner pesaram e muito, sejamos justos.
E o que falar do absurdo feito com Erick? Obviamente que o rapaz entrou mal. E era natural, após tanto tempo no escanteio. Claro que iria correr mais que a bola e ficar meio perdido no posicionamento. Isso sem falar que só recebeu passes quadrados e sem ninguém para dialogar. Perdido, pareceu disperso. Quando o guri começava a desacelerar, foi sacado. E isso com Barbio andando em campo de cansaço e Maxi errando tudo. Lembrou o que Marquinhos Santos fez quando treinador do Coritiba contra o próprio Bahia. Tirou o também menino Diogo com metade do primeiro tempo. Tomou sonora vaia e foi chamado de burro. Parece que não aprendeu.
Foi, sem dúvida, o pior jogo do Bahia no Brasileiro, mas a queda de rendimento já vem desde a partida contra o Fluminense. É algo que venho temendo desde os melhores momentos do time. A intensidade física que o esquema implantado por Marquinhos exige, não é nem um pouco fácil de ser mantida. E com a perda de titulares importantes, fica mais difícil ainda manter o ritmo. Essa parada para a Copa do Mundo será fundamental para a reestruturação física do elenco e a requalificação. A diretoria não pode ficar com medo de contratar por ter errado com Marcão. Contratação é risco e o time precisa não de apenas um, mas dois camisas 9. Pra ontem!