Visão turva

Não é segredo para ninguém que coerência não é o forte do treinador do Bahia, mas contra o Santos ele exagerou. Fez escolhas ruins nas alterações, avaliou de maneira completamente equivocada o gramado do Joia da Princesa e chutou o balde com um garoto promissor. Explicações sem sentido. Talvez sejamos leigos, maneira da qual o treinador já se referiu a imprensa e parte da torcida. Quando eu penso em tentar ser mais compreensivo com ele, a decepção vem a galope.

Duas ações chamaram atenção. Primeiro a entrada de Guilherme Santos no lugar de Pará. Em todas as eleições dos melhores do Brasileiro, Pará é um dos três melhores laterais esquerdos. Fora uma questão física, não havia sentido tirá-lo do time. Pior foram os argumentos. Colocou os gols de Flamengo e Fluminense na conta de Pará. “Os dois últimos gols saíram pelo setor dele”. Somos leigos e talvez cegos. Por que, para mim, as duas jogadas vieram do outro lado.

O outro argumento mostra como não entendeu o péssimo gramado do Joia da Princesa. Por sinal, desde que a tabela do Brasileiro foi anunciada, todo mundo sabia que Feira de Santana seria a primeira opção para Bahia e Vitória quando Fonte Nova e Pituaçu fossem entregues a FIFA. E nada foi feito. A prefeitura deu de ombros. E o que fica é a mancha nacional da cidade, que é uma força baiana, com um estádio sem condições nenhuma de receber um jogo profissional de futebol. Superlotação, pessoas espremidas nas grades, vestiários e cabines nível década de 1930 e gramado feito para pasto e não futebol. E a FBF aprovou tudo.

De volta às escolhas de Marquinhos Santos. Ele disse que Guilherme Santos, um cara que sempre corre com a bola, busca o drible e a linha de fundo, se adaptava melhor a buraqueira do Joia da Princesa que Pará, jogador de força e toques curtos. Isso sem contar a marcação, que a do guri é infinitamente superior. Se o jogo fosse na Fonte Nova, seria até uma escolha entendível, mas no Joia não. Ainda sobre o gramado. Eu gostei da escalação e a maioria da torcida também. Porém, após um primeiro tempo razoável, o cansaço bateu em Barbio e Pittoni. Com isso, a intermediária ficou toda para o Santos, que voltou muito mais organizado do intervalo.

O time precisaria compor o meio de campo, ocupar os espaços, mas não tinham opções no banco além de Rafael Miranda (pra jogar recuado) e Branquinho (só rende vindo da extrema para o meio). O que ele fez? Abriu ainda mais o time com Rafinha no lugar de Pittoni. O posicionamento dos homens de frente, que já forçava Talisca e Pittoni a carregarem a bola e a lançar de qualquer jeito, independente da possibilidade mínima de acertar, piorou. Time de correria e espaçado, em um campo que exigia toques curtos e aproximação. Claro que os desfalques de Uellinton, Lincoln e Rhayner pesaram e muito, sejamos justos.

E o que falar do absurdo feito com Erick? Obviamente que o rapaz entrou mal. E era natural, após tanto tempo no escanteio. Claro que iria correr mais que a bola e ficar meio perdido no posicionamento. Isso sem falar que só recebeu passes quadrados e sem ninguém para dialogar. Perdido, pareceu disperso. Quando o guri começava a desacelerar, foi sacado. E isso com Barbio andando em campo de cansaço e Maxi errando tudo. Lembrou o que Marquinhos Santos fez quando treinador do Coritiba contra o próprio Bahia. Tirou o também menino Diogo com metade do primeiro tempo. Tomou sonora vaia e foi chamado de burro. Parece que não aprendeu.

Foi, sem dúvida, o pior jogo do Bahia no Brasileiro, mas a queda de rendimento já vem desde a partida contra o Fluminense. É algo que venho temendo desde os melhores momentos do time. A intensidade física que o esquema implantado por Marquinhos exige, não é nem um pouco fácil de ser mantida. E com a perda de titulares importantes, fica mais difícil ainda manter o ritmo. Essa parada para a Copa do Mundo será fundamental para a reestruturação física do elenco e a requalificação. A diretoria não pode ficar com medo de contratar por ter errado com Marcão. Contratação é risco e o time precisa não de apenas um, mas dois camisas 9. Pra ontem!

Intensidade

Para muitos o que mais vale no futebol é o resultado. Não interessa como: o importante é ganhar! Tenho lá minhas ressalvas quanto a esse pensamento. Na verdade, mais contras do que prós, entretanto existem momentos singulares em que essa premissa vale muito. Esse é o caso da conquista do título baiano pelo Bahia. O torcedor e a causa democrática precisavam disso. Não que tenha sido uma conquista com desespero ou lances irregulares. Longe disso. A questão é que o título era pontual desde o início. O clube precisava dele para exorcizar agouros do passado e alguns do presente.

O Bahia foi superior ao Vitória nos dois jogos. Obviamente, o time de Ney Franco teve momentos de supremacia, já que precisava buscar o resultado. Apesar de ter mostrado um pouco mais de padrão tático – pelo menos em termos de nomenclatura e de posicionamento – a conquista tricolor se deve aos fatores físicos e psicológicos. A entrega dos jogadores foi realmente algo louvável. Tanto é que, mesmo jogando com vontade, os rubro-negros passaram a impressão de que não tiveram raça.

Os tricolores correram demais. Estiveram bem focados na maior parte dos dois jogos. Só nos minutos finais da primeira partida e em parte do segundo tempo da última, que deram uma desacelerada. E era até natural. Não tem como manter aquela intensidade durante os 90 minutos, mas foi suficiente para vencer os 180 contra o Vitória até com certa tranquilidade. Poderia ter sido até mais tranquilo, não fossem as derrapadas de Diego Macedo e Pará e as chances claras desperdiçadas por Rhayner, Talisca e Rafinha. E, na moral, poucas pessoas nasceram mais viradas para a lua que Fahel. Esse é um miserável de sorte! Esse título, dentro de campo, tem a cara dele.

A euforia é natural, mas não me cabe ver o céu e o inferno apenas pelo resultado. A conquista teve um significado bem maior em termos de representatividade do que normalmente teria. Dará tranquilidade e credibilidade para a diretoria seguir tentando arrumar a casa nesse mandato tampão. No entanto, o caminho pela frente dentro de campo é tortuoso. Não me iludo com os resultados ruins nesse primeiro arco da temporada dos grandes de São Paulo, por exemplo. Não há a mínima possibilidade de o Bahia disputar o Brasileiro dependendo exclusivamente da intensidade utilizada nesses dois jogos contra o Vitória, para funcionar taticamente. O corpo não aguenta.

Já passou da hora de o time encaixar um padrão que não o faça ser dominado pelo Serrano, por exemplo. E isso foi há dois jogos. Sigo com o pé atrás com relação a Marquinhos Santos. O time segue agonizando taticamente, mas vejo uma sintonia maior dele com o elenco desde a saída de William Machado. De fato, parece ter conseguido o respeito dos jogadores. As contestadas (inclusive por mim) contratações de Lincoln e Uellinton o ajudaram no vestiário. Pelo menos nesse fator, tiro o chapéu para Marquinhos. Soube abraçar os comandados em um momento que parecia não ter volta para ele.

Desculpem falar sobre isso agora, mas a bola não para de rolar. Algumas modificações no elenco serão necessárias. A própria diretoria já admitiu a necessidade de reduzir o número de jogadores, independente de quantos cheguem para o Brasileirão. E precisam chegar. Existem carências claras no time titular e na recomposição. Não gosto de Talisca jogando tão avançado e Lincoln não vai suportar uma sequência de jogos. O ataque é o setor mais deficiente do elenco. Repatriar Erick, que esteva emprestado a União Barbarense é uma obrigação.

O ano está só começando e o Bahia deve a torcida uma participação com maiores objetivos no Campeonato Brasileiro e na Copa do Brasil. Já tem uma base interessante para atingir metas mais ousadas, mas precisa fortalecer o elenco e o treinador organizar logo o time. Ainda não consegue trocar cinco passes e girar o jogo com alguma objetividade. Não dá para ficar esperando apenas erros do adversário. A conexão entre torcida e time passa por se impor na Fonte Nova. Se a diretoria conseguir ser certeira, o Bahia pode ter um ano sossegado dentro de campo. Assim, o extracampo será resolvido com maior tranquilidade.

Cartas na mesa

Tudo que envolve a decisão do próximo domingo entre Bahia e Vitória – dentro de campo – tem sido muito interessante. Para o jogo em si, os ingredientes têm formado um bolo tenso, porém animado. A vantagem tricolor é completamente reversível. Ney Franco tem feito questão de buscar qualquer fagulha de motivação para inflamar os jogadores. Do outro lado, Marquinhos Santos não pensou duas vezes em fechar o grupo e impedir que qualquer oba oba externo tire o foco dos comandados.

A estratégia escolhida pelos treinadores e a entrega dos jogadores vão definir o campeão. Rei do óbvio, né? Mas são as cartas na mesa. Pelo que conheço de Ney Franco, imagino que ele virá com escalação e postura bastante ofensivas. Só não sei o que ele fará com a dupla de zaga. Vejo Wilson; Ayrton e Juan; José Welison, Cáceres, Marquinhos e William Henrique; Souza e Dinei; com marcação alta. Marquinhos e William jogando em cima dos laterais tricolores, com Souza saindo da área para flutuar entre os volantes tricolores.

A outra opção do treinador rubro-negro é escalar Euller, já que Mansur vem muito mal, na lateral esquerda e manter Juan no meio de campo. Como bem (lá ele) lembrou meu amigo Glauber Guerra, Ney Franco gosta de ter uma opção de velocidade para o decorrer da partida. Nessa alternativa, que deixaria o time de certa maneira mais compactado sem perder a ofensividade, sobraria para Marquinhos ou William Henrique. Eu escolheria o primeiro para iniciar a decisão. Juan não é nenhum jogador cerebral, mas ocuparia a faixa central e distribuiria o jogo.

Independente da escolha, o rubro-negro deve ir para o sufoco desde os primeiros minutos. Marquinhos Santos, que conseguiu anular as virtudes rubro-negras na primeira partida da decisão, precisa preparar o time tática e psicologicamente para não cair na provável correria do Vitória. Teoricamente e basicamente, precisa repetir a estratégia. Congestionar o meio de campo e aproveitar os espaços na intermediária. Lincoln, Talisca, Rhayner e Maxi serão fundamentais nisso. Eles precisam jogar próximos e terem liberdade para atacar. Em contrapartida, a variação na recomposição terá de estar bem azeitada.

O substituto de Uellinton e uma possível saída de Lincoln devem estar pautando os pensamentos de Marquinhos Santos. No primeiro caso, acredito que o escolhido será Rafael Miranda. Além de, taticamente, manter mais ou menos a mesma disposição que o titular suspenso, Miranda pode dar um suporte defensivo melhor para Diego Macedo, que marca muito mal. Pittoni é a outra opção (seria minha escolha). Com ele, o time ganha na saída de bola, visão de jogo, aproximação e controle da bola.

Entretanto, o paraguaio pode ser escolhido para outra função. Caso Marquinhos queira liberar mais Rhayner, fortalecer a marcação e a posse de bola no meio de campo; pode ir de Pittoni no lugar de Lincoln. Especificamente para esse caso, vejo como uma boa opção, se Rhayner, Talisca e Maxi tiverem liberdade e os laterais, em revezamento, ataquem. E Pittoni também utilize a aproximação costumeira. O fato é que, independente da escolha, o posicionamento tático e a postura dos jogadores têm de ser para jogo. De maneira nenhuma o Bahia pode deitar na vantagem, recuar demais e dar campo para o Vitória se impor. Se fizer isso, correrá um risco bem maior do que o natural de uma decisão como essa.

As cartas estão na mesa. Que vença quem conseguir impor a estratégia. Minha única preocupação é fora de campo. Tenho visto um clima bélico desnecessário. Futebol é lúdico e não guerra. Cada um é mestre dos próprios pensamentos e riscos. Se os rubro-negros estão incomodados com a suposta “invasão”, que comprem os 90% de ingressos destinados, tirem onda, e não façam essas ameaças descabidas. “Dar proteção (cordão de isolamento) a possíveis torcedores que estejam no local errado seria ferir uma lei e dar cobertura para aqueles que não respeitam a mesma”. É sério isso?

Certo ou errado, sempre fez parte da provocação, gozação, ocupar mais espaço no estádio. O acertado não sai caro e os tricolores não deveriam ir, mas a motivação do mais empolgado é natural. Deveria ser mais um motivo de desafio, resenhas, disputas sadias entre as torcidas, mas não é o caso. Acho que a postura da torcida organizada aparelhada com a diretoria do Vitória, a TUI, de se posicionar como se fosse polícia, sem propósito. Não cabe a eles decidir absolutamente nada sobre o caso. Podem debater, cobrar que de alguma maneira os 90% sejam cumpridos, mas daí a se colocar como órgão fiscalizador e punidor, é querer criar uma justificativa antecipada para covardia. Que todos tenham bom senso!

Marcando passo

É difícil e arriscado no futebol você sacramentar que um trabalho não tem como dar certo. Ainda mais quando, mesmo com a feiura apresentada pelo time, existe chance real de conquistar o Campeonato Baiano. Afinal de contas, para muita gente, o que vale é o resultado. Os adversários ajudam. O próprio Vitória tem jogado pedra em santo. Espero que, em caso de título, não se iludam e achem que o trabalho é bem feito. Marquinhos não sabe o que quer. A cada jogo a equipe se mostra mais estagnada na falta de qualidade tática. E a coerência passa longe, apesar do discurso.

No texto passado, “elogiei” Marquinhos por ter finalmente parado em um esquema de jogo. Pura ilusão! Para poder encaixar Linconl no time, treinou por apenas 15 minutos uma nova composição tática e levou para o jogo contra o Villa Nova-MG. Saiu o 4.2.3.1 para o 4.4.2 com o meio de campo em losango. E essa postura durou um pouco mais que o tempo de treino. Rhayner, que seria o segundo atacante, recuou e jogou de forma inominável taticamente. Linconl, em determinados momentos, esteve mais avançado que Marcão. Foi um samba do crioulo doido!

Chegou uma hora que eu joguei pra cima. É perda de tempo tentar entender que esquema está sendo usado. Vou para a parte objetiva. Marquinhos passou dois meses chorando por um 9 e um 10. O jogo de ontem resumiu bem como era apenas subterfúgio para mascarar o trabalho mal feito. Como disse meu amigo Nuno, o time só melhorou contra o Villa após as saídas de Marcão e Linconl. Em poucos minutos, o garoto Jeam mostrou que pode ser muito mais produtivo que Marcão. Chamou o jogo, caiu pelos lados, fez um/dois, finalizou, se movimentou. Outro nível. E Marcão não poderá reclamar de chances. Ah se fosse Rafael ou Zé Roberto com essa sequência e essa “produção”…

Mais uma vez Talisca livrou o time de uma derrota. E mais uma vez fez isso quando Marquinhos o colocou centralizado, onde está provado que rende mais. Precisa acontecer mais o que para o treinador entender isso? Da mesma forma, Pittoni não pode jogar tão aberto pela direita. Rafael Miranda não pode ser o lateral direito. Um dia entenderia por que os treinadores complicam algo tão simples. Fazer o feijão com arroz é mérito e não pobreza. A impressão que tenho, analisando desempenho em campo, treinamentos e discurso, é que o Bahia está marcando passo com o atual treinador.

Com o tempo de trabalho até aqui e o elenco atual, o estágio era para estar bem mais avançado. O time é uma bagunça, os conceitos mudam o tempo todo. E me preocupa a maneira como vem usando a base. Coloca alguns minutos em um jogo, elogia e depois nem relaciona. Nessa batida, Anderson Melo, Ítalo Melo, Rafael, Nadson e Zé Roberto sumiram. É óbvio que a consequência é o guri se desmotivar e treinar mal. Railan daqui a pouco entra nesse grupo. Até Talisca ele colocou no banco. Temo que no futuro, Marquinhos deixe mais feridas abertas do que “apenas” rendimento ruim dentro de campo.

Passos de tartaruga

O Bahia segue engatinhando dentro de campo. As evoluções têm vindo em passos de tartaruga, sem conseguir se impor e vencer com tranquilidade os frágeis adversários do Campeonato Baiano. Galícia, Jacuipense e Conquista deram muito trabalho. Pelo menos Marquinhos Santos parece ter sossegado em um esquema tático. O time claramente entrou nas últimas partidas no 4.2.3.1, o que já é um caminho. O treinador precisa dar sequência e parar de ficar mudando o plano de jogo antes de ter um encaixe. É muita troca de posição sem que os jogadores saibam exatamente o que fazer. Santo Talisca, deve pensar o treinador.

Por que é preciso que entendam a diferença entre esquema e sistema de jogo. Esquema é a nomenclatura, o posicionamento que o time entra em campo. Já o sistema é o que faz o esquema funcionar. É o que cria as variações, mobilidade, rodízio defensivo, etc. E isso vem também com entrosamento, coisa que mesmo com tantos jogos em um período curto, ainda é fraco. Pelo menos tem conseguido os pontos necessários para ter maior tranquilidade no trabalho. Sigo sem acreditar em Marquinhos Santos, porém não há outra solução no curto prazo. Isso aliado aos resultados, talvez surja uma condescendência. Não acho o melhor caminho. Críticas construtivas são sempre bem vindas. Afinal de contas, o objetivo delas é ajudar na evolução.

Contra o Conquista, mais uma vez, o Bahia foi dominado taticamente. Contratado por exigência e insistência de Marquinhos Santos, Linconl estreou e não foi bem. Sempre gostei do futebol dele. Meia clássico, extremamente técnico, com ótima visão de jogo e finalização acima da média. O problema dele não é qualidade técnica e sim o físico. Não tenho preconceitos contra jogadores veteranos, mas o time tem um jogador para a posição que é disparado o melhor da equipe. Infelizmente, Linconl não tem mais condições de reger um meio de campo, ainda mais limitando o posicionamento de Talisca. E não se trata de uma análise precipitada. Ele já vinha demonstrado isso no Coritiba. Pode e deve fazer bem ao grupo e ser útil entrando no decorrer dos jogos, no entanto, o jogador centralizado na linha de três do meio de campo tem de ser Talisca.

Esse esquema me preocupa. Marcão não consegue segurar a bola no ataque e nem fazer o pivô, mas não pode jogar tão isolado. Claro que levo em conta o fato de ele ser pouco acionado. Com exceção de Talisca (que poderia chegar bem mais) os três meias não se aproximam. Rhayner volta muito para marcar e chega pouco. Em conversa com amigos, chegamos a pensar que ele poderia investir em outra função. Fazer um trabalho de adaptação para ser segundo ou terceiro homem de meio. É só melhorar a corrida de cabeça baixa e os dribles fora de hora. Penso que ele atingiria outro nível. É apenas uma sugestão.

Sobre os volantes, Pittoni já deve ser titular na próxima partida. Ainda está em processo de recondicionamento físico. Com ele por ali, a saída de bola melhora muito e ainda se apresenta no ataque. Não vejo a hora de um dos volantes só de marcação sair. Com o esquema atual, assim que Maxi voltar será necessário desalinhar os três meias. Talisca centralizado, Rhayner pela esquerda e recuando mais e Maxi pela direita, mas com maior liberdade para ser um segundo atacante e não meia/ponta a 200 quilômetros da área e do centroavante. Isso o tem prejudicado e ao time. Até sem ele já dava para encaixar alguém ali com características parecidas. Testaria Zé Roberto.

Para não deixar passar em branco, Demerson jogou melhor do que Lucas. Em um jogo ganhou a posição do companheiro, que vem fazendo um péssimo início de temporada. Demonstra um descontrole emocional dentro de campo injustificável. A suspensão de duas partidas veio em boa hora. Que recupere a tranquilidade e o bom futebol do ano passado nesse período fora da equipe. Raylan tem o que falta a Madson: personalidade. Pudesse unir as características dos dois, o Bahia teria um lateral completo. Lomba falhou infantilmente no primeiro gol, mas Titi também colaborou. Deixou Índio sozinho para cabecear. O sistema defensivo precisa ser muito mais atento. Cada gol besta retado, como diria meu sogro.

“Jogamos por ele”

Poderia ser Guardiola, José Mourinho, Marcelo Bielsa ou qualquer grande nome. Não se trata (apenas) disso. Nunca gostei desse tipo de declaração e pensamento. Ao final do BaVi, questionado pelo repórter do PFC sobre Marquinhos Santos, o volante Fahel me saiu, entre outras, com essa perigosa frase: “nós jogamos por ele”. Com toda minha ingenuidade, achava que o cara jogava por quem lhe paga. Também por prazer, pela família, pelos amigos, por obrigação, sei lá, mas pelo treinador? Sei que possivelmente se trata apenas de mais um clichê boleiro, como o “graças a Deus”; “o grupo tá unido”.

Entretanto, visto de fora, essa declaração cria situações complicadas para todos. A diretoria é obrigada a pisar em ovos. Pensam logo, “se demitirmos o treinador os jogadores vão pirar”. Para os próprios atletas a declaração não ajuda. Parece demonstrar seriedade, foco, mas só traz a torcida, ainda mais, contra o grupo. Já que a maioria dos tricolores, quase unanimemente, não tem gostado nada do trabalho de Marquinhos Santos. É um momento complicado para o clube. Os jogadores precisam saber agradar os torcedores. Não peço que digam que Marquinhos vai mal, mas que pelo menos respeitem a opinião do torcedor.

Depois desse desabafo, peço desculpas por não estar atualizando com a periodicidade necessária o blog. É uma mistura de desmotivação com falta de tempo. Cheguei a iniciar parágrafos, mas não saia do primeiro. Porém, depois de o clássico e com tanta coisa acontecendo nos bastidores, não poderia deixar passar mais um dia. Realmente o “futebol” apresentado pelo Bahia nesse inicio de temporada tem sido assustadoramente ruim. E muito disso passa pela falta de convicção e critério do treinador. Nunca se sabe o que esperar dele de um jogo para o outro. Ele não dá sequência ao time.

No BaVi, mais ou vez, o time foi mal escalado. A primeira alteração não fez o menor sentido e o time segue sem um sistema de jogo encaixado. Entrar com três primeiros volantes é limitar demais a criatividade. Nei Franco travou a subida dos laterais e, com exceção de um lançamento de Madson para Maxi, em lance que Marcão quase marca, foi só chutão. No gol do Vitória, Fahel falha no início e no final da jogada. Titi caiu toscamente e um contra-ataque que seria facilmente evitado, deu no que deu. O meio de campo não conseguia trocar três passes e quase não houve aproximação. Não por coincidência, um dos três marcadores só chegou perto dos atacantes na jogada já citada acima, com finalização de Marcão. Rafael Miranda deu a assistência.

Ainda estou tentando entender o que Marquinhos Santos quis ao colocar Wangler de volante pela direita. A principal característica dele é o drible curto em velocidade e o treinador o deixou impossibilitado de usar a virtude. O time foi mais agressivo, mas por necessidade e não por essa alteração. Wangler ficou perdidinho. O jogador para entrar no intervalo era Talisca (falarei mais a respeito em seguida). A sensação que ficou é de dois pontos perdidos por excesso de cautela e pouca inventividade (positiva). O Bahia segue engatinhando na temporada e não vejo Marquinhos ensinando o time a andar. Espero que ele consiga dar uma cara a equipe nesses dez dias até o próximo jogo, apesar de não acreditar.

Antes não tinha centroavante, mesmo com Rafael, Nadson e Zé Roberto no elenco. Se fazia tanta falta um jogador da função, por que não insistiu com um dos três? Agora me vem com a conversa que precisa de um camisa dez. Emanuel Biancucchi nem estreou. Não sei a razão para isso. Pensando de maneira genérica, dá a entender que não tem qualidade. Branquinho quando jogou, não foi aproveitado na função da maneira que o treinador chora por um jogador. Eu queria entender isso. Sempre teve jogadores para as duas funções e não os usa da forma que diz precisar. Das duas uma: ou quer sempre tirar o corpo fora das responsabilidades ou os que estão desde o início não prestam nem para preencher lacuna. Será?

Tão sem sentido quanto aquela estúpida lona preta separando as torcidas em Pituaçu é o sub aproveitamento de Talisca nos últimos jogos. Há muito tempo Talisca deixou de ser volante. É, no máximo, um terceiro homem. No BaVi seria o momento ideal para usá-lo na função que melhor rende, na meia, vindo de trás (lá ele), distribuindo as jogadas e com a intermediária a disposição para arriscar chutes de média e longa distância. Para mim é, sem dúvida, o melhor jogador de meio de campo do atual elenco.

A desculpa de Marquinhos Santos é queda de rendimento (?) e que está sendo preservado por ainda estar em um processo de transição base/profissional. Nos últimos jogos de Talisca como titular, passou boa parte das partidas mais avançado que Maxi e Rhayner. Me desculpe, concordo que ele ainda tem muito a evoluir em todos os sentidos, mas Talisca já tem couro suficiente para aguentar o tranco. O colocar atrás de Wangler na “hierarquia” do time é atestado de não saber o que tem em mãos. Espero que isso não seja um modo de conseguir a sonhada (por ele) contratação de Linconl. Tá puxado!

E lá vamos nós

Não tinha maiores expectativas para a estreia do Bahia em 2014. Chamar esse período de treino de pré-temporada é um tapa na cara de qualquer planejamento. Para piorar, enquanto o elenco tricolor não chegou nem na metade da rua, o CSA já virou a esquina no condicionamento físico e entrosamento. Treinam desde 19 de novembro e já fizeram seis jogos. Adicione estádio lotado e empolgação por enfrentar um time da Primeira Divisão. Os alagoanos não têm nem presença certa na Série D. Jogaram com espirito de decisão, enquanto a equipe de Marquinhos Santos estava a 40 por hora na quinta marcha. O motor não rende. No entanto, 4×1, fora o baile, é injustificável! Ou melhor, tem justificativas além das já citadas.

Raul começou 2014 como terminou 2013. Se posiciona no mata burro, deixa espaços para os cruzamentos, não se entende com Titi e, apesar dos chutes fortes, manda nas mãos do goleiro. Tá numa pose retada. Não boto fé que Guilherme Santos seja a solução. O primeiro nome dele é avenida. Do outro lado, Galhardo mostrou por que não se firmou no Flamengo e no Santos. O problema dele sempre foi defensivo. Não sabe se posicionar, é mole na marcação mano a mano e demora a recompor. Sem condicionamento físico, o razoável mérito ofensivo também não aparece. Não por esse jogo, mas sempre achei Madson mais completo. As laterais seguem muito carentes.

Quando laterais têm óbvios problemas defensivos, é preciso que os volantes tenham poder de marcação e (ou) ela seja feita no campo ofensivo. Reduz o campo. E isso exige um condicionamento físico perto de 100%. Fisicamente, não existe essa possibilidade tão cedo. Técnica e taticamente, com Rafael Miranda, Diego Felipe (eu avisei que o cara é meia) e Fahel, não dá! Nem vou citar novamente o caso Feijão. O fato é que vão ter de contratar. Com esses laterais e esses volantes, Marquinhos Santos vai sofrer para encaixar o time. Do contrário, é esperar um toque de Midas.

Taticamente, mesmo miseravelmente, deu para vislumbrar a intenção de Marquinhos Santos. O esquema é basicamente o que utilizava no Coritiba: o 4.2.3.1, mas que também pode ser visto como um 4.2.2.1.1. Um pouco a frente dos volantes, que avançaram o tempo todo sem a devida recomposição (natural em um primeiro jogo e por isso deveria ter alguém mais marcador), Talisca pela esquerda e Rhayner pela direita. Centralizado e com maior liberdade, Branquinho, em função similar a feita por Alex no Coxa, ano passado. Não foram poucas as vezes que Rafael recuou para marcar e Branquinho ficava sendo o mais ‘solto’.

Com volantes e laterais perdidos, o time ficou desorganizado. O sistema não existiu. E isso foi o que mais me decepcionou. Marquinhos realizou seis trabalhos táticos. Não era para o time estar tão bagunçado. Também entendo os méritos do CSA, que soube explorar e bem as carências defensivas tricolores. O posicionamento defensivo foi todo equivocado. Existiu um buraco em toda a intermediária. Lucas Fonseca tinha de sair para cobrir os volantes e Galhardo não conseguiu recompor. A velha bola de neve. Claro que o rodízio defensivo precisa de tempo, mas parecia ter sido o primeiro contato entre todos eles.

No segundo tempo, Marquinhos resolveu travar atrás para tentar evitar um vexame maior. Sobrou para Talisca e Rafael. Não concordei com a saída de Talisca. Foi o único que buscou o gol no primeiro tempo, mesmo jogando longe da área. Não gosto dele posicionado muito pela esquerda. Prefiro mais centralizado. Acho que ele poderia inverter de posição com Branquinho. O time ganharia poder de finalização e mais velocidade ofensiva. Rafinha fez um belo gol e arriscou uma boa finalização. Depois disso, não conseguiu dar prosseguimento as jogadas. Perdeu todas as divididas, mas faltou aproximação. O time seguiu sem conseguir entrar na área do CSA. E não durou um jogo com Fahel fora do time. Realmente o elenco está bem servido de volantes né, William? É, lá vamos nós de novo novamente.

Necessidades

Sempre acho engraçado quando falam a respeito de contratações (para alguns) desconhecidas “é uma aposta” ou “vou esperar jogar para criticar ou elogiar”. No entanto, também sei que futebol não tem fórmula pronta e por isso entendo quem pensa dessa maneira. Agora, para um analista, resumir questionamentos e projeções a algo tão simples é melhor escolher outra coisa para fazer. O histórico sempre aparece. O que fez recentemente e a perspectiva de dar certo ou não.

No futebol o certo e o errado andam lado a lado. Um vive pregando peça no outro. Quantas vezes já não pensei “esse time vai dar merda” e o sacana foi lá e resolveu? O inverso também acontece sempre; “rapaz, que time é esse? Vai brigar por todos os títulos”, mas simplesmente não acontece? São muitas variáveis, muitas razões que levam um elenco a dar certo ou não, independente da qualidade técnica e histórico recente positivo dos jogadores.

Tenho em mente que qualquer contratação é uma aposta. Seja o cara desconhecido ou famoso. Vindo de temporada boa ou ruim. Para o que não funcionou, sempre gosto de utilizar os exemplos de Ibrahimovic no Barcelona e Kaká no Real Madrid. Do outro lado, exemplos recentes na nossa realidade: Fernandão no Bahia e Juan no Vitória “Ah, mas como vai se contratar então?”. O que diferencia e deve ser levado em conta é a perspectiva que o sujeito apresenta e necessidade do elenco. Deve ser pesquisado o porquê de ter dado certo ou errado, se é algo superável, a motivação, a condição física, família e por aí vai.

Logo de cara, com as nove contratações feitas até agora, se percebe um claro desequilíbrio. Para justificar a troca Feijão/Rafinha, o diretor de futebol William Machado disse que o Bahia está bem servido de volantes. Aí olho os nomes: Fahel, Rafael Miranda, Hélder e Diego Felipe. Correndo por fora, Anderson Melo, incorporado às pressas. Se o mérito técnico for dado, o guri será titular! Aí penso, os três últimos jogam de segundo ou terceiro homens de meio. Rafael não mostrou ano passado que pode vir a ser primeiro volante. Sobra quem? Fahel! É assim, William, que a posição está bem servida? Resta, então, a Marquinhos Santos a obrigação de fazer o prometido em reuniões internas e jogar com eficiência sem volante de pegada. Nunca jogou dessa maneira no Coritiba. Seria um sonho!

Rafinha é um jogador rápido e técnico, que fez um Campeonato Carioca interessante em 2013. Quando chegou no Brasileiro não conseguiu dar um chute na bola. O nível da competição é outro. Parecia um Sub-15 no meio dos profissionais. Arrisco a dizer que Hugo será mais útil do que ele. Têm características parecidas, mas Hugo tem mais força, explosão e experiência. E creio vem com muita vontade de crescer, enquanto Rafinha deu seguidas entrevistas lamentando a saída do Flamengo. Ainda nessa posição, cada um com o estilo particular, o Bahia já tinha Erick, Rhayner, Ítalo Melo e Zé Roberto. Ou seja, possui seis jogadores com a mesma legenda: tem talento, boas perspectivas de crescer, mas que precisa suprir carências físicas, técnicas, táticas e de experiência. Precisava mesmo de Rafinha?

Não se trata de dizer que vai dar certo ou errado, mas de apontar necessidades. A carência para o setor continua de um cara mais cascudo, encorpado, experiente, e tenho informações que estão buscando. Caso seja confirmando, desses seis, apenas um vai jogar. Pelo menos é essa a projeção inicial. Entenderam o ponto? O Bahia seguirá precisando contratar outro meia atacante e, agora, também vai precisar trazer outro volante em breve.

E no ataque, as opções são de jogadores em busca de recuperação. Nadson, Jonathan Reis e Rafael Gladiador. O primeiro não é tão homem de área como os outros dois, mas pode ser o centroavante. Vem de um ano se recuperando de duas cirurgias no joelho. É sempre complicado. Jonathan era um talento, conseguiu superar problemas com drogas, porém após gravíssima lesão também no joelho, nunca mais foi o mesmo. Não consegue mais jogar no nível anterior a contusão. O que jogou nas últimas temporadas não é suficiente para a necessidade tricolor. Espero que a nova casa o faça recuperar a qualidade. Rafael consegue ser mais execrado pela torcida que Madson. Nunca duvide do futebol, mas hoje é óbvia a necessidade de um homem de área.

Na defesa a única contratação significativa foi do lateral direito Galhardo. Não penso ser a praga do Egito que muitos amigos acham, mas não sei se será a solução. Espero que tenha amadurecido. Terá uma chance de ouro para recuperar o futebol já apresentado quando mais novo. Queria que tivessem conseguido emprestar Madson e Jussandro. Esses sim precisam pegar rodagem em outro clube. No Bahia a torcida não os deixa desenvolver, principalmente o primeiro. Não aposto em evolução de Raul. Acredito que apresentou o limite em 2013 e, se não foi um desastre completo, também não empolgou. Não duvido que Jussandro ganhe a posição, mesmo com a torcida olhando torto. O ideal seria Ávine voltar às boas, mas infelizmente é o quadro mais difícil de ser escrito.

O vice-presidente Valton Pessoa afirmou que ainda faltam as “duas cerejas do bolo”. Falando dessa maneira, nos leva a crer que sejam os nomes, teoricamente, dos jogadores “diferentes”. Os cascudos, para quebrar o gelo com a torcida e dar experiência ao setor ofensivo, por que com certeza são nomes do meio para frente. Hoje, o ataque me preocupa, as laterais me preocupam e Fahel como, basicamente, única opção de primeiro homem, me preocupa mais ainda. Espero que Marquinhos Santos consiga suprir essas necessidades. No Nordestão e no Baiano pode até ser, mas e no Brasileiro?