E lá vamos nós

Não tinha maiores expectativas para a estreia do Bahia em 2014. Chamar esse período de treino de pré-temporada é um tapa na cara de qualquer planejamento. Para piorar, enquanto o elenco tricolor não chegou nem na metade da rua, o CSA já virou a esquina no condicionamento físico e entrosamento. Treinam desde 19 de novembro e já fizeram seis jogos. Adicione estádio lotado e empolgação por enfrentar um time da Primeira Divisão. Os alagoanos não têm nem presença certa na Série D. Jogaram com espirito de decisão, enquanto a equipe de Marquinhos Santos estava a 40 por hora na quinta marcha. O motor não rende. No entanto, 4×1, fora o baile, é injustificável! Ou melhor, tem justificativas além das já citadas.

Raul começou 2014 como terminou 2013. Se posiciona no mata burro, deixa espaços para os cruzamentos, não se entende com Titi e, apesar dos chutes fortes, manda nas mãos do goleiro. Tá numa pose retada. Não boto fé que Guilherme Santos seja a solução. O primeiro nome dele é avenida. Do outro lado, Galhardo mostrou por que não se firmou no Flamengo e no Santos. O problema dele sempre foi defensivo. Não sabe se posicionar, é mole na marcação mano a mano e demora a recompor. Sem condicionamento físico, o razoável mérito ofensivo também não aparece. Não por esse jogo, mas sempre achei Madson mais completo. As laterais seguem muito carentes.

Quando laterais têm óbvios problemas defensivos, é preciso que os volantes tenham poder de marcação e (ou) ela seja feita no campo ofensivo. Reduz o campo. E isso exige um condicionamento físico perto de 100%. Fisicamente, não existe essa possibilidade tão cedo. Técnica e taticamente, com Rafael Miranda, Diego Felipe (eu avisei que o cara é meia) e Fahel, não dá! Nem vou citar novamente o caso Feijão. O fato é que vão ter de contratar. Com esses laterais e esses volantes, Marquinhos Santos vai sofrer para encaixar o time. Do contrário, é esperar um toque de Midas.

Taticamente, mesmo miseravelmente, deu para vislumbrar a intenção de Marquinhos Santos. O esquema é basicamente o que utilizava no Coritiba: o 4.2.3.1, mas que também pode ser visto como um 4.2.2.1.1. Um pouco a frente dos volantes, que avançaram o tempo todo sem a devida recomposição (natural em um primeiro jogo e por isso deveria ter alguém mais marcador), Talisca pela esquerda e Rhayner pela direita. Centralizado e com maior liberdade, Branquinho, em função similar a feita por Alex no Coxa, ano passado. Não foram poucas as vezes que Rafael recuou para marcar e Branquinho ficava sendo o mais ‘solto’.

Com volantes e laterais perdidos, o time ficou desorganizado. O sistema não existiu. E isso foi o que mais me decepcionou. Marquinhos realizou seis trabalhos táticos. Não era para o time estar tão bagunçado. Também entendo os méritos do CSA, que soube explorar e bem as carências defensivas tricolores. O posicionamento defensivo foi todo equivocado. Existiu um buraco em toda a intermediária. Lucas Fonseca tinha de sair para cobrir os volantes e Galhardo não conseguiu recompor. A velha bola de neve. Claro que o rodízio defensivo precisa de tempo, mas parecia ter sido o primeiro contato entre todos eles.

No segundo tempo, Marquinhos resolveu travar atrás para tentar evitar um vexame maior. Sobrou para Talisca e Rafael. Não concordei com a saída de Talisca. Foi o único que buscou o gol no primeiro tempo, mesmo jogando longe da área. Não gosto dele posicionado muito pela esquerda. Prefiro mais centralizado. Acho que ele poderia inverter de posição com Branquinho. O time ganharia poder de finalização e mais velocidade ofensiva. Rafinha fez um belo gol e arriscou uma boa finalização. Depois disso, não conseguiu dar prosseguimento as jogadas. Perdeu todas as divididas, mas faltou aproximação. O time seguiu sem conseguir entrar na área do CSA. E não durou um jogo com Fahel fora do time. Realmente o elenco está bem servido de volantes né, William? É, lá vamos nós de novo novamente.