“Jogamos por ele”

Poderia ser Guardiola, José Mourinho, Marcelo Bielsa ou qualquer grande nome. Não se trata (apenas) disso. Nunca gostei desse tipo de declaração e pensamento. Ao final do BaVi, questionado pelo repórter do PFC sobre Marquinhos Santos, o volante Fahel me saiu, entre outras, com essa perigosa frase: “nós jogamos por ele”. Com toda minha ingenuidade, achava que o cara jogava por quem lhe paga. Também por prazer, pela família, pelos amigos, por obrigação, sei lá, mas pelo treinador? Sei que possivelmente se trata apenas de mais um clichê boleiro, como o “graças a Deus”; “o grupo tá unido”.

Entretanto, visto de fora, essa declaração cria situações complicadas para todos. A diretoria é obrigada a pisar em ovos. Pensam logo, “se demitirmos o treinador os jogadores vão pirar”. Para os próprios atletas a declaração não ajuda. Parece demonstrar seriedade, foco, mas só traz a torcida, ainda mais, contra o grupo. Já que a maioria dos tricolores, quase unanimemente, não tem gostado nada do trabalho de Marquinhos Santos. É um momento complicado para o clube. Os jogadores precisam saber agradar os torcedores. Não peço que digam que Marquinhos vai mal, mas que pelo menos respeitem a opinião do torcedor.

Depois desse desabafo, peço desculpas por não estar atualizando com a periodicidade necessária o blog. É uma mistura de desmotivação com falta de tempo. Cheguei a iniciar parágrafos, mas não saia do primeiro. Porém, depois de o clássico e com tanta coisa acontecendo nos bastidores, não poderia deixar passar mais um dia. Realmente o “futebol” apresentado pelo Bahia nesse inicio de temporada tem sido assustadoramente ruim. E muito disso passa pela falta de convicção e critério do treinador. Nunca se sabe o que esperar dele de um jogo para o outro. Ele não dá sequência ao time.

No BaVi, mais ou vez, o time foi mal escalado. A primeira alteração não fez o menor sentido e o time segue sem um sistema de jogo encaixado. Entrar com três primeiros volantes é limitar demais a criatividade. Nei Franco travou a subida dos laterais e, com exceção de um lançamento de Madson para Maxi, em lance que Marcão quase marca, foi só chutão. No gol do Vitória, Fahel falha no início e no final da jogada. Titi caiu toscamente e um contra-ataque que seria facilmente evitado, deu no que deu. O meio de campo não conseguia trocar três passes e quase não houve aproximação. Não por coincidência, um dos três marcadores só chegou perto dos atacantes na jogada já citada acima, com finalização de Marcão. Rafael Miranda deu a assistência.

Ainda estou tentando entender o que Marquinhos Santos quis ao colocar Wangler de volante pela direita. A principal característica dele é o drible curto em velocidade e o treinador o deixou impossibilitado de usar a virtude. O time foi mais agressivo, mas por necessidade e não por essa alteração. Wangler ficou perdidinho. O jogador para entrar no intervalo era Talisca (falarei mais a respeito em seguida). A sensação que ficou é de dois pontos perdidos por excesso de cautela e pouca inventividade (positiva). O Bahia segue engatinhando na temporada e não vejo Marquinhos ensinando o time a andar. Espero que ele consiga dar uma cara a equipe nesses dez dias até o próximo jogo, apesar de não acreditar.

Antes não tinha centroavante, mesmo com Rafael, Nadson e Zé Roberto no elenco. Se fazia tanta falta um jogador da função, por que não insistiu com um dos três? Agora me vem com a conversa que precisa de um camisa dez. Emanuel Biancucchi nem estreou. Não sei a razão para isso. Pensando de maneira genérica, dá a entender que não tem qualidade. Branquinho quando jogou, não foi aproveitado na função da maneira que o treinador chora por um jogador. Eu queria entender isso. Sempre teve jogadores para as duas funções e não os usa da forma que diz precisar. Das duas uma: ou quer sempre tirar o corpo fora das responsabilidades ou os que estão desde o início não prestam nem para preencher lacuna. Será?

Tão sem sentido quanto aquela estúpida lona preta separando as torcidas em Pituaçu é o sub aproveitamento de Talisca nos últimos jogos. Há muito tempo Talisca deixou de ser volante. É, no máximo, um terceiro homem. No BaVi seria o momento ideal para usá-lo na função que melhor rende, na meia, vindo de trás (lá ele), distribuindo as jogadas e com a intermediária a disposição para arriscar chutes de média e longa distância. Para mim é, sem dúvida, o melhor jogador de meio de campo do atual elenco.

A desculpa de Marquinhos Santos é queda de rendimento (?) e que está sendo preservado por ainda estar em um processo de transição base/profissional. Nos últimos jogos de Talisca como titular, passou boa parte das partidas mais avançado que Maxi e Rhayner. Me desculpe, concordo que ele ainda tem muito a evoluir em todos os sentidos, mas Talisca já tem couro suficiente para aguentar o tranco. O colocar atrás de Wangler na “hierarquia” do time é atestado de não saber o que tem em mãos. Espero que isso não seja um modo de conseguir a sonhada (por ele) contratação de Linconl. Tá puxado!

10 thoughts on ““Jogamos por ele”

  1. Éder, parabéns pelos comentários. Infelizmente a diretoria do Bahia está pagando pra ver com a manutenção do treinador. Ele deveria ter sido demitido antes do Bavi e agora o novo treinador teria 10 dias para conhecer o elenco e fazer o time funcionar.

  2. Marquinhos parece não confiar em Talisca para ser um armador pela esquerda, como Pittoni faz pela direita, provavelmente por Talisca não ter uma marcação forte.

    Éder, uma solução para isso não seria inverter o posicionamento?

    Em vez de um volante centralizado e dois armadores pelos lados, ele poderia armar o meio com dois volantes em linha e um meia na frente dos volantes, como Talisca gosta de jogar. E Rhayner completaria a equação fechando pela esquerda.

    Pittoni teria menos liberdade taticamente, mas em compensação o time ganharia em saída de bola e velocidade no passe. E Wangler (Branquinho e Italo Melo) disputaria vaga com Rhayner e não com Talisca que joga centralizado.

Deixe um comentário